Primeiramente, considero o conceito de ação direta conforme definido na literatura e como foi posto em prática no Rio de Janeiro na forma de ação direta militante. As manifestações de rua assumiram um papel político crescente desde junho de 2013 e enfrentaram forte repressão policial. A necessidade de resistir a essa violência repressiva forçou os movimentos sociais urbanos a implementarem uma nova ação direta militante. Por todo o Brasil, assistimos o surgimento da tática Black Bloc como resposta à violência policial. Procuro desconstruir a criminalização da ação direta militante e ofereço, em oposição, uma interpretação das ações como ‘direito de resistência’. Em seguida, complemento essa interpretação introduzindo o conceito de contra-violência emancipatória coletiva, que me permite explorar as táticas adotadas pelos movimentos sociais urbanos no Brasil para além de um discurso de legalidade e direitos. Depois disso, exploro a práxis do trabalho de base, que é o fundamento das ações dos movimentos sociais urbanos, e explico como ele pode ser entendido como uma forma particular de ação direta com o objetivo de “preencher as lacunas do Estado”. Concluo com uma reflexão geral sobre como avançar nas teorias da ação direta e da violência, me inspirando nas práticas e nos discursos introduzidos pelos movimentos sociais urbanos no Rio de Janeiro.

Retomar 2013: Ação direta e trabalho de base como práticas de resistência

Federico Venturini
Primo
2020-01-01

Abstract

Primeiramente, considero o conceito de ação direta conforme definido na literatura e como foi posto em prática no Rio de Janeiro na forma de ação direta militante. As manifestações de rua assumiram um papel político crescente desde junho de 2013 e enfrentaram forte repressão policial. A necessidade de resistir a essa violência repressiva forçou os movimentos sociais urbanos a implementarem uma nova ação direta militante. Por todo o Brasil, assistimos o surgimento da tática Black Bloc como resposta à violência policial. Procuro desconstruir a criminalização da ação direta militante e ofereço, em oposição, uma interpretação das ações como ‘direito de resistência’. Em seguida, complemento essa interpretação introduzindo o conceito de contra-violência emancipatória coletiva, que me permite explorar as táticas adotadas pelos movimentos sociais urbanos no Brasil para além de um discurso de legalidade e direitos. Depois disso, exploro a práxis do trabalho de base, que é o fundamento das ações dos movimentos sociais urbanos, e explico como ele pode ser entendido como uma forma particular de ação direta com o objetivo de “preencher as lacunas do Estado”. Concluo com uma reflexão geral sobre como avançar nas teorias da ação direta e da violência, me inspirando nas práticas e nos discursos introduzidos pelos movimentos sociais urbanos no Rio de Janeiro.
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